ESSE NEGÓCIO DE COLHEITA FELIZ É UMA DESGRAÇA, DEVIA SE CHAMAR COLHEITA MALDITA...

FIQUE À VONTADE...A CASA É SUA!!!

Escreveremos sobre o quê? Quais assuntos serão abordados nesse espaço?
Faremos cumprir o fim destinado a um meio de comunicação? Comunicar.
Como será a aceitação dos chegados, dos distantes, dos incógnitos?
QQCACHA?
Esse é o seu ambiente, não se sinta acanhado em comentar, opinar ou criticar.
Não recriminamos comentários ou rejeitamos juízos. Sinta se livre.
Grato pelo seu comparecimento.
Sofista Pirateado

30 janeiro 2010

CARTA
Hoje dentre minhas correspondências que não passam de contas e avisos bancários ou promoções de lojas de crediário encontrei uma carta, juro, uma carta com selo, remetente e destinatário escrito com caneta bic. Fiquei uns vinte minutos admirando a carta sem abri-la, apreciando o momento. Estava escrito de um lado do envelope: Para meu sempre amigo e irmão, e no verso o remetente: Fernando (amigo antigo). Por um segundo esqueceu minha memória a pessoa de que se tratava, mas num titubeio veio me a imagem no passado distante daquele garoto que estudava comigo, morava perto de minha casa e num dia, sem bazófia se mandou para outra cidade.
Eu teria dado a vida por aquele menino se ele assim determinasse. Era mais que um amigo, era um irmão que dividia todas as agruras e graças que nosso mundo oferecia. Se eu me convalescia e não comparecia ao colégio, antes mesmo de retirar o uniforme, ele com aquele ar de preocupação batia à porta de minha casa a fim de tomar conhecimento do que havia me impedido de ir a aula, até num dia em que tive catapora e estava numa quarentena imposta pela minha mãe ele fora o único que tivera coragem de visitar-me. Foi um sem número de aventuras, personagens, segredos, curiosidades, descobertas, tudo desbravado por nós, os insuperáveis, ou insuportáveis moleques da rua 21. Eternizávamos pactos, determinávamos quem seria ou não um amigo digno de nossa confiança. Apesar de entendermos mais de bolas feitas com saco de arroz vazio e jornais velhos falávamos também sobre meninas.
Até a chegada dessa carta eu estava sem notícias de Fernando devia ter mais ou menos uns trinta anos. Desde que concluímos o primeiro grau que não tenho notícias concretas sobre como iam as coisas. Recebia uma ou outra nota aqui e ali de parentes e pessoas que afirmavam ter estado com ele, sempre informavam sobre os filhos e emprego. Na última vez que fui informado soube que ele estava morando no estado do Tocantins e trabalhando com extração de madeira ilegal naquela região. Isso faz uns cinco anos, quem me noticiou foi um primo dele, creio que fora o Claudinei. Já sabia também que seus pais haviam morrido há mais ou menos dez anos e que suas irmãs se casaram. Mas sobre sua pessoa não sabia quase nada.
A carta depois de aberta continha duas folhas de caderno pequenas e garranchos manuscritos indecifráveis, dei uma passada rápida no conteúdo e chegando no rodapé da segunda folha observei a data e não deixei de perceber que pelo menos o ano e o mês coincidiam com a data de sua debandada para outra região: Vinte e cinco de janeiro de 1980.A letra também era daquela época, Fernando não tinha uma caligrafia exemplar, àquele tempo dizíamos brincando que ele seria médico, pois tinha a grafia de um. Fiquei mais curioso e intrigado pelo inesperado e mais agora sabendo que se trata de um documento arquivado. Qual seria o motivo daquela carta estar comigo agora, trinta anos depois de ter sido escrita por um menino?
O certo é que só saberei depois de desvendar os hieróglifos contidos na missiva. E como não está nada fácil, prometo postar o conteúdo da referida carta no próximo texto, se conseguir traduzi-lo para a língua portuguesa em tempo.

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